Não tenhas medo, miúda. Em todas as histórias há sempre uma ponta de paraíso, um véu de clemência que estende uma ponta, fugaz, que seja.
A Myra dissera-lhe a sua avó Russa que os suicidas são sempre assassinados. E Myra decide o seu «assassinato» e o do seu cão, Rambo, pois compreende a impossiblidade de viver uma vida sem o confronto permanente com o Mal. Morre de artista e deixa-se cair do parapeito da janela, como se fosse um mergulhador equipado que mergulhasse de um barco para pesquisa submarina. Dizia a sua avó que nos trilhos nevados das estepes, quando sucumbes e mergulhas na neve, outros virão, pegarão nos teus pertences e continuarão a viagem por ti. Myra e Rambo, naquele asfalto, são a denúncia e o grito, legados flagrantes a quem passa.
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