Viajar, num dia de gaivotas,
à tua cidade.
E ficar...
E depois voltar.
- Por vezes não consigo encontrar-me nesta multidão. - dizia a pequena formiga para a sua amiga cigarra.
- Perdes o filão das tuas companheiras, é isso que queres dizer? - perguntou a cigarra, enquanto desenhava uns rabiscos na terra seca do estio.
- Somos todas iguais; a da frente é igual à de trás ... - continuou a pequena formiga.
- Se eu estivesse naquela multidão de formigas, ainda que eu seja uma cigarra, ninguém me notaria. - explicava a cigarra e dos seus rabiscos surgia um arco entre arvoredos - Quando tu estás naquela multidão e todas se mexem e muitas se movimentam e vêm nesta direcção, eu sei quando és tu que vens a chegar...
- Ali não é permitido distracções.- explicou a formiga. - Ali ninguêm vê.
- Sabes, por vezes também eu não consigo encontrar-me nesta multidão. - respondeu a pequena cigarra para a sua amiga formiga, enquanto no seu desenho um sol se elevava acima das frondes.
A formiga olhou o fio bulicioso das suas camaradas e fixou os seus olhos no desenho como num espelho de águas:
- Eu consigo ver-te dali. - disse, por fim.
E ficaram em silêncio.
Words can't express everything (...)
Words are flaccid...
A Turma de Laurent Cantet dá-nos, num estilo documentário-ficção, uma visão aproximada do que possa ser a realidade de uma sala de aula, ainda que no contexto de um sistema educativo diferente do português. Não deixa, contudo, de ser um filme.
A escola é uma realidade completamente estranha para o senso comum; as pessoas não têm noção do que seja uma sala de aula e também desconhecem as circunstâncias de pressão que envolvem o trabalho de um professor, dentro das salas de aula e agora, sobretudo, fora delas.
Na escola portuguesa, o professor foi sucessivamente desgastado, depreciado, desvalorizado e desautorizado por medidas educativas que revelam total desconhecimento da realidade e que, na verdade, se revelam muito perigosas. Estamos a falar da construção de uma sociedade; não é coisa pouca.
Os professores das escolas portuguesas, pessoas de uma extraordinária capacidade de trabalho e adaptação, são, agora, colocados perante uma escolha muito ingrata: a qualidade e a dignidade da sua acção, ou o embuste e a falácia, preconizado neste novo sistema de avaliação.
Para além dos 120 mil professores na rua, é preciso contar com o número crescente de professores que preferem iniciar a reforma, ainda que com penalizações, e também aqueles que desacreditaram da sua profissão. Estes têm de ser motivos de reflexão para a sociedade civil e classe governativa deste país.
A educação precisa de professores dignificados e respeitados por todos.
O país precisa.
Barak Obama venceu as eleições na América, com uma margem muito expressiva.
Para o bem e para o mal, esta é uma boa notícia. Todavia, a América são muitas Américas; vários lenhos numa corrente de redemoinhos. Leia-se aqui ou aqui.
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