Sábado, 28 de Março de 2009

 

As aves engaioladas,

nos olhos de Ícaro,

nas órbitas humedecidas de céu celeste,

dos olhos de Ícaro.

 

( No Inverno, as aves não se involvem em casacos.

Quando o frio aperta, é o raio de sol,

que brilha ao longe,

que as aquece, às aves.

 

No tempo em que a cigarra divina,

louca de sol,

no calor escaldante do meio-dia,

entoa o seu canto estridente;

as aves entoam os seus doces estribilhos.

E o Inverno passam-no nos recantos das grutas,

na companhia das ninfas da Montanha.

Na Primavera comem bagas de mirtilo silvestre

e habitam a sombra das folhagens.)

 

Feliz a raça alada das aves.

 

Delas é o reino dos céus,

entontecidas de éter,

em voos picados,

nos olhos acuados de Ícaro.

 

 

 

 



publicado por Mnemosine às 13:48 | link do post | comentar

Quinta-feira, 19 de Março de 2009

 

 

 

Não tenhas medo, miúda. Em todas as histórias há sempre uma ponta de paraíso, um véu de clemência que estende uma ponta, fugaz, que seja.

 

A Myra dissera-lhe a sua avó Russa que os suicidas são sempre assassinados. E Myra decide o seu «assassinato» e o do seu cão, Rambo, pois compreende a impossiblidade de viver uma vida sem o confronto permanente com o Mal. Morre de artista e deixa-se cair do parapeito da janela, como se fosse um mergulhador equipado que mergulhasse de um barco para pesquisa submarina. Dizia a sua avó que nos trilhos nevados das estepes, quando  sucumbes e mergulhas na neve, outros virão, pegarão nos teus pertences e continuarão a viagem por ti.  Myra e Rambo, naquele asfalto, são a denúncia e o grito, legados flagrantes a quem passa.


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publicado por Mnemosine às 18:56 | link do post | comentar

Sábado, 14 de Março de 2009

 

Nas salas amplas, fechadas à vida,

ouve-se o eco dos passos

e o  drapear leve das cortinas,

a  esgotar-se de encontro aos quadros.

É a chuva, sempre a chuva,

a escorrer das janelas altas

e a encharcar a memória

dos dias

em que as portas se abriam

para entrar sândalo e jasmim.

De quando em quando,

o assobio do vento,

nas sacadas e varandas,

faz-se escutar.

Escuto.

 

O silêncio desta casa

é a mais solene das músicas.

 

 


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publicado por Mnemosine às 19:43 | link do post | comentar

Quarta-feira, 11 de Março de 2009

 

 

 

Os óculos e as sandálias de Muhatma Ghandi foram resgatados, por um magnata Indiano,  num leilão em Nova Iorque  que os adquirou com o objectivo de os levar de volta à India. Consta que o líder pacifista Indiano entregou os óculos a um coronel do exército também Indiano, quando este lhe pediu inspiração. Após voltas, as voltas que o mundo tem,  os óculos, juntamente com outros objectos de Ghandi, dentre os quais se incluía o seu relógio, foram parar a uma leiloeira Nova iorquina.  Vê-se aqui alguma perversão de princípios morais, em relação aos quais, neste momento, têm estado envolvidas precisamente as leiloeiras. Veja-se o caso da venda das casas de Nova Iorque.



publicado por Mnemosine às 19:28 | link do post | comentar

Domingo, 8 de Março de 2009

 

 

Os números do desemprego não são mais que o número de tragédias pessoais em constante multiplicação. Um dominó de consequências que alguns governos já começam a prever. É necessário agir, porque, na verdade, as medidas colocadas em prática só protegem  as organizações,  o sistema financeiro e económico, quando é fundamental  que se encontrem medidas que protejam o ser humano. A privação, o desespero provocam desumanização, ou seja , o ser humano esvazia-se de humanidade para se encher de animalidade. Os instintos básicos passam a comandar a sua lógica de sobrevivência.

 

 

 



publicado por Mnemosine às 17:08 | link do post | comentar

Quarta-feira, 4 de Março de 2009

 

Hoje uma notícia em particular suscitou interesse: o asteróide DD45, de 30 a 40 metros de diâmetro, rasou a Terra, a uma ameaçadora proximidade de 60km a sudoeste do Pacífico Sul. O acontecimento é relevante o suficiente para a equação dos mais sombrios cenários de ficção científica; do fim em todas as escalas.

É a noite eterna do universo, a lembrar-nos que é de sempre e que lhe pertencemos.


 

 



publicado por Mnemosine às 19:14 | link do post | comentar

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