a natureza ambivalente do olvido que viria a enlouquecer Proust
a moeda atirada ao ar e a cair na nossa mão
quais dentre nós lutam por esquecer
e quais dentre nós lutam por não esquecer
qualquer uma destas lutas a ser uma mesma derrota
a do Esquecimento
tão irremediável, tão definitivo
a vida repassada de brisas e ventanias
rajadas de dor e agonia
fisgadas de esperança e alegria
os rasgos do coração, inúteis
porque no fim, é só fim
a consumação do deserto
De silêncio me grito e me dilato
Nas frases blateradas pelo Mundo
A ter de ser, serei, mas pouco exacto
Nas coisas que, ignorando, me aprofundo.
Fui rei enquanto fui vagabundo,
Sem ter de atraiçoar meu ar pacato.
Vivi a Eternidade num segundo,
Tendo sido a nudez meu próprio fato.
Das rosas não senti o seu perfume...
Das paixões, nem o gelo,nem o lume...
De mim, talvez a alma como emblema...
Por isso é que me grito de mudez
E a esse Ser Sublime que me fez
Eu entrego o Silêncio num poema!
15 de Fevereiro de 2002
soltam-se ébrias gargalhadas
à volta desta mesa posta de alegria
um carrossel de conversas partilhadas
que tecem e entretecem
motivos de viagens a haver
e povoam o coração de mornos silêncios
a conjugação futura das frases
jorra nos copos que vamos bebendo
os teus olhos entornando-se nos meus
e anuindo, porque hoje vale o momento,
renegamos à solidão
e abrimos o riso à soleira da tarde
esta mesa é uma ilha
e nós, a única coisa que trouxeste.
De braços desfraldados
ofereces-me
um abraço no meio do mundo
aninho-me, pérola
na concha dos teus braços.
I'm just a little bit heiress, a little bit irish
a little bit tower of pisa
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