KUBLAI KAN: - Não sei quando tiveste tempo para visitar todos os países que me descreves. Eu acho que tu nunca saíste deste jardim.
POLO: - Cada coisa que vejo e faço toma sentido num espaço da mente onde reina a mesma calma daqui, a mesma penumbra, o mesmo silêncio percorrido pelo estalar das folhas. No momento em que me concentro a reflectir, dou comigo sempre neste jardim, a esta hora da tarde, na tua augusta presença, embora continuando sem um instante de pausa a subir um rio verde de crocodilos ou a contar os barris de peixe salgado que colocam no porão.
Italo Calvino, Cidades Invisíveis.
Como explicar
as palavras que em mim se conjugam,
ao ritmo das luas;
as palavras que em mim se aninham
e das minhas emoções se alimentam.
Dessas palavras que amadurecem
sentidos, imagens
e depois se tornam desconforto em mim.
Se tornam coisa humilhante,
à medida que se controem poema
e me exigem esse esforço de luz.
Coisas que perturbam, fazem pensar, fazem crescer.
É essa a finalidade da poesia.
(...) é a paixão que faz girar o mundo. Você não é analfabeto, deve saber isso. Na ausência da paixão o mundo estaria ainda vazio e informe. Pense no Dom Quixote. Dom Quixote não trata de um homem sentado numa cadeira de baloiço a lamentar a mesmice da Mancha. Trata de um homem que enfia um alguidar na cabeça e trepa para o dorso do seu velho e fiel cavalo de trabalho e parte para realizar grandes feitos (...) Coetzee
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